Peço licença para não comentar o empate chocho contra o Bangu nessa quinta-feira.
Ou melhor, comentar mais o que se ouviu na arquibancada do que se viu em campo – até porque uma coisa é reflexo da outra.
O muito que se escutou é reflexo do pouco que se jogou.
Diante do cenário de pasmaceira que permitiu ao time da casa criar bem mais chances do que o time que deveria ter mandado na partida logo nos primeiros minutos, muitos começaram a gritar em Moça Bonita: “Uh, El Loco!”, “Uh, El Loco!”. E alguns exibiram a camisa Celeste Alvinegra, que fez tanto sucesso durante a Copa do Mundo e virou símbolo da união alvinegra com o uruguayo Abreu.
Parte da imprensa criticou a atitude dos torcedores no estádio. Alguns chegaram a dizer que a torcida jogava contra o time ao ficar repetindo o nome de um jogador que saiu brigado com o atual técnico do clube.
Bem, aqui é necessário um freio de arrumação e explicar para quem não teve a paciência nem conhecimento de entender o protesto em Moça Bonita.
Os gritos de “Uh, El Loco!” significam menos a vontade de ver novamente o centroavante com a nossa camisa, e mais o desejo de ver longe o responsável pela saída do uruguayo: o sr. Oswaldo de Oliveira.
Mas, então, a torcida do Botafogo quer a saída do treinador porque ele se indispôs com um dos principais jogadores do elenco, mesmo sabendo que este jogador não parece mais capaz de jogar em alto nível, por causa da idade e das frequentes contusões?
Claro que não!
A barração e consequente afastamento do Abreu são até justificáveis do ponto de vista técnico. O que continua injustificável é o técnico Oswaldo de Oliveira ter permanecido no comando do Botafogo para a temporada 2013.
Porque ele demonstrou, por seguidas vezes no ano passado, ser incapaz de montar um time competitivo, apostando em esquemas táticos ineficazes (pra dizer o mínimo), e demonstrando pouca sagacidade (também para dizer o mínimo) na hora em que é necessário fazer alterações ao longo da partida. No Brasileirão, tomou nó tático de treinadores que ganham dez vezes menos do que ele. E a forma que nos fez cair fora da Copa do Brasil e da Sul-Americana foi igualmente vexatória.
Um novo ano começa e o time apresenta os mesmos erros de 2012, mesmo tendo mais peças à disposição. Aí vem o flashback do ano passado, ainda bem recente em nossa memória. E se descortina mais uma temporada de frustração, de chances desperdiçadas, e olha que dessa vez temos um elenco bem razoável, que pode nos levar a alguma grande alegria, caso seja bem preparado e capitaneado.
O grito de “Uh, El Loco!” tem um sentido primordial: lembrar de um jogador que fez mais pelo Botafogo do que o Oswaldo. O técnico ainda está devendo – e muito. É como se a exclamação significasse uma mensagem para a diretoria e um lembrete para o treinador – “esse cara que foi embora fez mais por nós do que você, então trabalhe para reverter essa desvantagem”.
Não somos loucos de querer de volta o Abreu para que ele seja a estrela solitária do Botafogo 2013 – para isso, já estamos muito bem servidos, com um certo Clarence Seedorf.
Mas somos doidos para dar um ultimato ao Oswaldo: ou ele acerta o time, rapidinho, e nos dá resultados efetivos… ou ele vai embora e para de nos atormentar com sua empáfia desprovida de competência.
E, claro, estamos loucos para que o Oswaldo nos convença da sua capacidade e, DEPOIS DE UMA GRANDE CONQUISTA, venha a público arrotar sua superioridade, na linha zagallina do “Vocês vão ter que me engolir”.
Não torcemos contra você, Oswaldo; nem exclusivamente a favor do Loco. Você e parte da imprensa podem não acreditar, mas, apesar de você, nós sempre torcemos a favor do Botafogo.
Fotos: Lancenet!
PS I: Por motivos de força maior, o blog passará a ser atualizado com menos assiduidade durante o Campeonato Carioca. Não vai dar, por exemplo, pra comentar o clássico de domingo. Mas, toda vez que houver um fato importante, a gente aparece por aqui para comentar o assunto, combinado?
PS II: Este post foi escrito sem a utilização do nome Rafael Marques. Não foi necessário apelar.