2023: O ano da cicatriz

2023 é um ano marcante. Mas não da forma que a gente imaginou.

Nenhuma temporada de um time de futebol profissional em nosso país, talvez no mundo, foi de um extremo a outro como o turno e returno do Botafogo no Brasileirão de 2023.

Time algum jamais alternou euforia e decepção com tamanha intensidade em um mesmo campeonato. E no mesmo jogo. E no minuto final dos mesmos acréscimos.

Ninguém está preparado emocionalmente para isso. Porque é um fato incomum não apenas no futebol.

O que passamos é muito raro de ser vivido no dia-a-dia, no trabalho, nas férias, na família. Milhões de pessoas nascem, vivem e morrem sem passar por emoções tão intensas – e antagônicas – como as que tivemos de enfrentar em um curtíssimo espaço de tempo. Como seu chefe te chamando na sala dele para falar: “Você foi promovido!” e, logo depois de uma ligação pra comemorar com pai-mãe-filho-filha-namorado-namorada, você ser chamado no RH para escutar de um colega: “O chefe se enganou: você foi demitido.”

O impacto de um tranco intenso – e súbito – é algo muito sério. E que não pode ser menosprezado com o argumento de que “isso é apenas futebol”.

O que ocorre no campo é “apenas” futebol. Mas o que acontece com a gente por causa do que aconteceu no campo não é.

Não me arrependo de ter participado com a nossa torcida, ainda que à distância, das festas que fizemos no Nilton Santos e em muitos jogos como visitante. Era pra festejar, mesmo! Não comemorávamos conquista. Celebramos o prazer de vencer, os gols do Tiquinho, a visão de jogo do Eduardo, as arrancadas do Júnior Santos, a onipresença do Tchê Tchê, os desarmes do Adryelson, as defesaças do Perri. Mas era mais do que o que estava no campo. Era o que compartilhávamos na torcida. Claro que vislumbrávamos a possibilidade cada vez mais concreta de levantar a taça, mas tenho certeza que a alegria maior vinha do que experimentávamos no aqui-e-agora. E com milhares de irmãos de camisa. Com eles, com a Estrela no peito, fomos felizes (e, se os deuses quiserem, com eles ainda seremos).

Ninguém amou o momento de um time como a gente.

Nos sentíamos eufóricos pelas vitórias, pelas atuações, pelas festas, pelos mosaicos, pelas danças, pelos memes, pelas músicas da própria torcida. O Botafogo, e aqui novamente não falo apenas do que acontecia em campo, era um lugar melhor para se viver.

Time e torcida estavam na mesma sintonia. Estávamos encantados.

Após a saída de Luís Castro, o encanto começou a se dissipar.

E veio o doloroso confronto entre expectativa e realidade.

O Botafogo despencou diante de nossos olhos, sem que pudéssemos fazer nada para evitar a queda.

A espiral em descendente alternou ritmos: às vezes era em slow motion, como na desinteressada atuação na continuação, com os portões fechados, do jogo contra o Athletico-PR. Mas tinha também acelerações com solavancos bruscos. Esses foram os momentos mais perigosos. Ninguém passou intacto aos minutos finais que destroçaram os nervos e aceleraram os batimentos cardíacos em diversas partidas do returno.

A insônia foi o menor dos problemas que enfrentamos depois desses jogos.

Como se recuperar emocionalmente do fato de termos testemunhado, na mesma partida, o Botafogo ter no primeiro tempo o desempenho coletivo de um Brasil 1970 (a ponto de muita gente dizer que jamais tinha visto o seu time jogar tão bem) e, na segunda etapa, se transformar em um Brasil 2014, mais especificamente do 7×1 no Mineirão, encolhido nas cordas até o nocaute no último minuto dos acréscimos?

Passamos dos estados de graça à desgraça em 90 minutos.

E teve ainda a piscadinha do Marlon Freitas. A imagem-símbolo do Brasileirão de 2023.

Atitude arrogante de quem ‘cavou’ uma falta e achava que, assim, garantiria o empate.

Mesma arrogância de quem pertence ao grupo que pediu a cabeça do treinador e deve ter garantido ao Textor que eles, com Lúcio Flávio e Joel Carli (ou seja, sem o mínimo de experiência no banco de reservas), iriam segurar a vantagem até a conquista.

“Deixa com a gente, boss!”, devem ter falado na reunião que selou o futuro do Bruno Lage e, de certa forma, também selou o nosso futuro. Não pela saída do Lage, que parecia inevitável pela falta de leitura do treinador português da realidade do futebol brasileiro, como demonstrou na desastrada coletiva após a derrota no clássico pro Fla.

A piscadinha do volante foi acompanhada de um sorriso inaceitável pra quem tinha 3 gols na frente no fim da partida e deveria estar 100% concentrado no jogo.

Olhem o cronômetro no alto, olhem de novo um dos olhos fechados.

Marlon piscou e a derrota chegou.

Mal tivemos tempo de nos recuperar. Menos de uma semana depois, disputamos um clássico em São Januário e o “Capitão Marçal” (muitas aspas) teve a desfaçatez de dizer após a derrota que os jogadores não entraram concentrados. Como assim? Como não focar no trabalho depois de tomar três gols em menos de 15 minutos na partida anterior? Pois foi assim que eles entraram. E repetiram a desconcentração, no mesmo estádio, no segundo tempo contra o Grêmio. De novo, uma virada-relâmpago depois de abrir vantagem que um time de futebol profissional, em qualquer liga, em qualquer divisão, tem obrigação de manter.

Não parou por aí, contudo.

Já tínhamos deixado a vitória escapar contra Bragantino e Santos.

Mas aconteceria algo ainda pior, ainda mais desgastante, ainda mais desmoralizante. Que, se fosse cena de filme de ficção, todos os espectadores diriam que o roteirista havia pesado a mão.

Tivemos de viver a mesma alternância de emoções de uma forma ainda mais dramática na partida contra o Coritiba. Só que em versão editada pro TikTok: em menos de um minuto, passamos, novamente, da euforia e do despertar de uma (leve) esperança para a raiva trazida pela perplexidade de ver o time tomar um gol logo após a saída de jogo, nos últimos segundos do último minuto dos acréscimos.

Quantos times já passaram por uma situação assim no futebol mundial? Poucos, pouquíssimos, talvez nenhum antes do nosso. Por causa de uma série de erros, da diretoria aos jogadores, fomos nós os ‘escolhidos’.

E, para culminar, no último domingo, mesmo com o apoio da torcida até o último jogo em casa, com 15 mil testemunhas de mais uma atuação frustrante, tivemos mais um jogo sem vitória. Outra decepção para a torcida que foi, no returno, castigada e machucada simplesmente porque acreditou que seria correspondida no “maior amor do mundo”.

O que temos conosco ao final da temporada? Não o que a gente sonha desde 1995, mas uma marca negativa que virou notícia até em jornais e sites internacionais.

Ganhamos uma cicatriz.

Antes, éramos um time conhecido fora do Rio de Janeiro pelos inúmeros ídolos, pela tradição, pela história gloriosa.

Agora, não. Somos o time que perdeu o campeonato mais ganho da história dos pontos corridos.

Uma história real, ocorrida no último domingo: um botafoguense pegou um uber em Porto Alegre que estava escutando Grêmio x Vasco. O motorista perguntou ao passageiro qual era o time dele.

“Sou Botafogo.”

O motorista, então, começou a rir. Continuou por um minuto. Repito: um minuto de risadas do motorista do Uber no Rio Grande do Sul que, antes de 2023, não tinha motivos para debochar de um torcedor botafoguense.

Criamos um paradigma no futebol mundial. Recordista de pontuação no turno, pontuação de rebaixado no returno. Dependendo de quem estiver falando, “Botafogo de 2023” será uma referência, um alerta, uma piada, uma citação, um ponto de exclamação, uma tristeza e um escárnio.

Essa é uma marca impossível de ser removida. Vai nos assombrar a cada início, meio e fim de campeonato.

Carregaremos a cicatriz de 2023. Não vai desaparecer. O que John Textor, diretoria, comissão técnica, futuros e atuais jogadores podem fazer é tentar cobri-la com glórias ao transformá-la em um fato isolado.

Mas, mesmo com as futuras conquistas (se vierem), a cicatriz continuará lá. Aqui. Dentro da gente.

Fotos: Vitor Silva e reproduções de TV

A grande onda

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Uma das imagens mais conhecidas da cultura oriental é a xilogravura “A grande onda de Kanagawa”, do mestre japonês Hokusai. Mostra uma onda prestes a quebrar barco de pescadores, com o Monte Fuji ao fundo. É do século 19, e continua no imaginário de milhões de pessoas no mundo inteiro.

Mas o Japão não está em nossas mentes e corações (e estômagos) apenas com obras de séculos anteriores, com os exemplos de uma tradição milenar. Crianças e adolescentes brasileiros crescidos nas últimas décadas conviveram com games, animes, mangás, Pokémons, Dragonballs e outros itens da cultura pop nipônica.

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Das potências mundiais, a nação japonesa é a que possui a imagem mais positiva. Por isso, a contratação de uma estrela desse país, tão longe no mapa e tão próximo no imaginário, pode contribuir decisivamente para o rejuvenescimento de nossa torcida.

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Botafogo tem também uma chance de ouro nas mãos: a internacionalização da marca. Honda pode ser a ponte entre dois mundos que jamais se encontraram, mas que partilham o respeito ao passado, o culto à tradição.

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Quem sabe um representante desse mundo, sempre protagonista absoluto quando o assunto é futuro, pode nos fazer chegar, enfim, ao século 21.

Oriente-se pelo Sol Nascente, alvinegros, na direção de um futuro glorioso.

Que o Botafogo saiba aproveitar a grande, surpreendente e intensa onda que se ergueu no mar alvinegro, provocando repercussão mundial.

E, mais importante, que a estrela de Honda brilhe e faça reluzir a Estrela Solitária.

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Se a onda morrer na praia, não tem problema. Serviu de pretexto para a demonstração de força do maior patrimônio que um clube pode ter: a sua torcida.

Porque a euforia registrada no Galeão e no Estádio Nilton Santos, todos sabemos, não foi destinada exclusivamente ao Honda. Na verdade, foi a celebração coletiva da identidade  botafoguense. O jogador japonês é o mais ilustre convidado na nossa festa.

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A maior defesa de Jefferson

Muito sintomático que o maior ídolo alvinegro no século 21 seja um goleiro.
Um goleiro discreto, nada midiático, sério.
Um goleiro chamado Jefferson.

Em mais de uma década no Botafogo, Jefferson defendeu pênaltis, chutes indefensáveis, cabeceios à queima-roupa, dezenas de lances que a gente só entendia o que ele fez depois de ver o replay.
Jefferson tentou ao máximo ser o que diz nosso hino: ser herói em cada jogo. Inúmeras vezes, mesmo cercado por incompetência e displicência, ele conseguiu.
Em momentos de intensa fragilidade financeira, técnica e até emocional, Jefferson era a estrela solitária a defender a grandeza do Botafogo e a iluminar uma esperança de futuro.
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Foi o que conseguiu ao pegar o pênalti de Adriano em 2010: Loco Abreu já havia feito a sua parte, mas faltava alguém segurar o resultado, garantir o título depois de três derrotas consecutivas na final do Carioca (que, pelo grito atravessado na garganta, foi muito mais do que uma decisão estadual).
Mas aquela não foi a maior defesa do nosso goleiro: ao longo de sua carreira no alvinegro, Jefferson nos defendeu de humilhações, da mediocridade, da indigência, da irrelevância. Permaneceu em General Severiano quando estava mais valorizado, titular da Seleção Brasileira, e no momento mais difícil do time, rebaixado para a Série B.
Poderia ter ido embora, seria compreensível, ainda mais sabendo da dívida milionária do clube com o jogador. Mas ele ficou. Para defender a nossa relevância e o entusiasmo de uma nova geração de alvinegros. Para ser o guardião da Estrela que, enfim, voltou a brilhar.
Sua trajetória e seu exemplo, Jefferson, não se encerram em 2018. Continuam com a gente. E vão, por muito tempo, por tempos eternos, nos conduzir. Como fizeram os grandes ídolos do século 20. Garrincha, Nilton Santos, Didi, Amarildo, Heleno de Freitas, Jairzinho, Túlio Maravilha… Agora você está entre eles. Com todo respeito ao Manga, você é o número 1 desse timaço.
Tu és Glorioso, Jefferson.

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O momento eterno

Maracanã, 08 de abril de 2018.

Eu poderia viver para sempre no instante em que Carli chuta a bola que passou pelos pés do Rabello, Pimpão e Kieza e que o Brenner percebe que o capitão vai chutar e o centroavante, de instinto, abre os braços e pula e abre as pernas num improvisado corta-luz pra atrapalhar o goleiro e a gente percebe que o Martin não vai chegar e a bola do nosso capitão vai beijar as redes vascaínas, logo ele que tinha sido barrado e recuperou em campo a sua posição, e, meu Deus!, a bola do Carli vai entrando aos 49 minutos do segundo tempo, justamente o último minuto dos acréscimos, exatamente como aconteceu no primeiro jogo da decisão do Cariocão 2018, e a bola vai entrar e a alegria vai explodir e a esperança vai voltar e instantes assim não acabam, não são nada efêmeros, momentos assim já nascem eternos e gloriosos, momentos assim é que fazem a história do Botafogo de Futebol e Regatas.

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Depois era com o Gatito. E ele pegou dois pênaltis com a frieza e precisão de um cirurgião, com a tranquilidade de quem tem saldo na conta e vai pagar boletos bancários na internet. “Queria pegar mais”, disse o paraguaio, sem empáfia, tranquilo como devem ser os grandes goleiros.

Botafogo v Sao Paulo - Brasileirao Series A 2017

Aí depois era somente alegria e felicidade. Pela forma que o título foi conquistado, com a superação em cima dos favoritos, por eliminar duas vantagens de Flamengo e Vasco, pelo significado de redução do potencial negativo da frase “Tem coisas que só acontecem com o Botafogo”, pelo estádio lotado com duas torcidas em paz, pelo exemplo de civilidade que o Rio conseguiu dar ao Brasil ao menos numa tarde ensolarada de domingo, por tudo isso foi uma das conquistas mais emocionantes do Botafogo no século 21.

Foi diferente. Não se compara. E esse sentimento só a gente entende.

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Uma lágrima para Bebeto

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Obrigado pelo suor e também pelas lágrimas, Bebeto.

Você foi herói em cada jogo, mesmo sem entrar em campo. Você foi um de nós. Você é um de nós. Com Heleno de Freitas e João Saldanha para te receber, você estará em casa. Em família. Agora você é mais uma Estrela.

Obrigado pelo zelo e pelo amor que você tantas vezes demonstrou pelo seu time. Tantos episódios marcantes: a entrada ao vivo em programas de tevê para defender com veemência Dodô e o Botafogo, a reação forte ao peitar a polícia pernambucana e tentar proteger o zagueiro André Luís no estádio dos Aflitos, a emoção com as lágrimas derramadas por ver seu time roubado mais uma vez em uma final estadual. E, tempos depois, mesmo já consolidada a imagem depreciativa do gesto, dizer que tinha orgulho e não se arrependia, porque eram lágrimas de raiva, mas também lágrimas de um defensor incondicional do seu time do coração.

Bebeto era assim: veemente, intransigente, irascível, intenso, apaixonado. Como Heleno e João Saldanha. Sua saída intempestiva da presidência, quando praticamente abandonou o fim do mandato para aceitar uma proposta de emprego, magoou bastante a torcida. Mas, além da atitude, o que ele fez para tirar o Botafogo da Série B e ter o seu próprio estádio é coisa pra se guardar pra sempre do lado esquerdo do peito.

O coração de Bebeto parou de bater em território alvinegro, porque as únicas cores de sua vida foram o preto e o branco.

Bebeto, você morreu como viveu: com o Botafogo no Coração. Continuar lendo

Sobre a Libertadores 2017

Voltei rapidamente apenas para dizer que a disputa da Libertadores tem sido uma das etapas mais intensas da história recente do Botafogo. Que a derrota para o Barcelona de Guayaquil tenha sido apenas uma cicatriz em uma face vitoriosa. E que o Jair Ventura saiba conduzir novamente o seu grupo ao caminho das vitórias.

Feliz ano-novo

Infelizmente não está sendo mais possível atualizar o blog com a periodicidade de antes, mas aproveito o raro tempo livre para desejar aos alvinegros um 2016 pleno de saúde, paz, felicidades e com o brilho da Estrela Solitária a nos iluminar.

Que, no ano que começa, seja mais Jefferson do que Arão, mais Nilton Santos do que Carleto, mais Garrincha do que Gegê, mais o Botafogo que merecemos e amamos do que o Botafogo que tivemos de aturar nos últimos tempos.

Feliz 2016, alvinegros!!

 

O BOTAFOGO VOLTOU!

O Botafogo voltou de onde nunca poderia ter saído.

O Botafogo voltou no campo, na base da dedicação, mais transpiração do que inspiração.

O Botafogo voltou porque soube se impor durante toda a competição.

O Botafogo voltou porque trocou de treinador no momento certo.

O Botafogo voltou porque agora tem um presidente sério.

O Botafogo voltou porque tem um ídolo fora de série.

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O Botafogo voltou porque tem história, tradição e vergonha na cara.

O Botafogo voltou porque, na verdade, nunca se foi.

Tentaram apagar a Estrela, mas não conseguiram. Essa Estrela é a Nossa Estrela.

Essa estrela sempre brilhará. Essa estrela é eterna.

Feliz 2016, Botafogo.

Santa Cruz 1 x 0 Botafogo: Complicou

Desculpem pela demora para atualizar o blog, mas obrigações profissionais me limitam o tempo e impedem uma atualização a cada rodada.
Só dá para dizer que, mesmo com a troca de técnico (e acho que a diretoria acertou ao promover a mudança), o problema maior está na inacreditável dificuldade do Botafogo criar chances de gol. No segundo tempo da partida disputada no Arruda, conseguiu a proeza de não chutar a gol nem uma vez, uma solitária vez.
Assim não tem Luis Henrique ou Navarro que resolvam.
A situação está mais complicada a cada rodada.
Diante desse quadro, uma lembrança à diretoria, enquanto ainda há tempo:
Cair para a Série B é vexame.
Não subir no ano seguinte é tragédia.

PS: Você pode acompanhar comentários, palpites e impropérios durante a partida via twitter, na conta @fogoeterno.

Bragantino 1 x 0 Botafogo: Grito de alerta

Uma vitória nos últimos cinco jogos.
Duas derrotas para time bem inferiores – Macaé e Bragantino.
Um empate em casa com um dos últimos colocados, Boa Esporte Clube.
Um meio de campo que pouco ou nada produz.
Uma dupla de volantes que, antes séria e comprometida, agora erra por displicência (Arão) ou por limitação técnica (Giaretta).
Tá na hora de dar o grito de alerta.
Tá na hora de repensar a eficácia do trabalho do René Simões.

Botafogo 5 x 0 Sampaio Correia: Nasce uma Estrela

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Dois gols na estreia como profissional, mais um drible desconcertante e uma assistência para outro gol.
Luis Henrique tem apenas 17 anos, mas futebol de gente grande: velocidade, talento e frieza para definir. Ele destravou o ataque do Botafogo no confronto com o bom time do Sampaio Correia – ao seu lado, Pimpão não apenas balançou as redes duas vezes, como produziu muito mais.
Uma grande estreia de um grande garoto. O que era um jogo difícil virou fácil, virou goleada. Graças à entrada do atacante.
O mundo começa agora, Luis Henrique. Apenas começamos.

Botafogo 3 x 0 Mogi Mirim: Hábito de vencer

Infelizmente, não está sendo possível atualizar o blog com a frequência desejada, jogo a jogo, ainda mais agora que começou a fase de duas partidas por semana.
Mas, depois de mais uma vitória em casa, contra o fraquíssimo Mogi Mirim, já dá para registrar – e comemorar – a boa fase do time, que ganha seus jogos com a autoridade de quem mostra aos adversários que está apenas de passagem pela Série B. Mesmo quando sente a falta de alguns de seus principais jogadores (e Willian Arão fez falta nessa partida), o Botafogo consegue se impor com certa facilidade, aproveitando a fragilidade de boa parte dos rivais.
Felizmente, não foi diferente na noite de sexta-feira, no horário ingrato das 21h50, em jogo assistido por 8.700 heroicos alvinegros que foram até o Nilton Santos apoiar o tempo inteiro.
Quando o Botafogo resolveu ser objetivo, resolveu a partida – bastou 30 minutos de futebol, no início do segundo tempo, para fazer mais dois gols e assegurar mais três pontos, além do lugar mais alto da tabela. E bastou uma boa jogada da dupla Daniel Carvalho e Lulinha para abrir o marcador, com Rodrigo Pimpão.
Esse resgate do hábito de vencer é um dos principais fatos dignos de registro em 2015 até agora. A destacar, mais uma boa atuação de Gilberto (do ponto de vista ofensivo), a seriedade do limitadíssimo Renan Fonseca, o oportunismo de Pimpão, a versatilidade de Giaretta e a certeza que Luis Ricardo, mesmo improvisado, rende mais na lateral do que o fraco Pedro Rosa. Não é muito mas, por enquanto, é o suficiente.

Para acompanhar comentários deste que vos escreve durante e logo depois dos jogos, siga o twitter @fogoeterno

Botafogo 4 x 1 CRB: Passado presente

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Eu tenho tanto para te falar, Botafogo – sobre o fato de você ser o único time brasileiro que vai jogar duas partidas seguidas da mesma competição em estádios com nomes de seus maiores ídolos, sobre a linda homenagem que você fez aos 90 anos do Nilton Santos, sobre o arrepio que percorreu a espinha ao ver o bandeirão com foto da Enciclopédia subindo até alcançar a cobertura do estádio que leva o nome dele, sobre a alegria de ver o Botafogo perseguir desde os primeiros minutos o gol do adversário, com um esquema acertadamente ofensivo, de ver tantas crianças querendo entrar em campo de mãos dadas com o Jefferson, de ver o René demonstrar tanto respeito pela história alvinegra, de ver a torcida tão forte com 12 mil cantando sem parar, de ver que se as coisas continuarem a ser feitas com seriedade nós vamos voltar ao lugar de onde não deveríamos ter saído – mas com palavras eu não sei dizer.

Quando eu vejo e revejo essa foto acima, essa ideia sensacional de unir em uma mesma imagem o passado e o presente, eu só sei dizer:como é grande o meu amor por você.

Paissandu 0 x 1 Botafogo: Três importantes pontos

Três pontos a comentar sobre a estreia do Botafogo na Série B, diante do fraquíssimo Paissandu:

1) René tem que mexer no ataque. Bill não pode ser titular.  É preciso testar Sassá, ou mesmo Henrique, no lugar de um centroavante imóvel, de pouquíssimo recursos técnicos, que obriga o time a jogar pelo alto.  Na criação de jogadas, o fraco Diego Jardel foi engolido por 30 minutos de bom futebol, com lucidez e técnica, a cargo de Daniel Carvalho.

2) Fernandes e Arão apoiaram com objetividade e perigo, em especial no primeiro tempo. São duas boas opções para criação de jogadas ofensivas. Aliás, sobre o Fernandes, vale destacar: se for bem orientado e a torcida tiver paciência, pode se tornar um grande jogador – visão diferenciada e técnica acima da média ele já provou que possui.

3) Mattos, muito fraco como primeiro volante. Renan Fonseca, apesar de esforçado, tem a mesma intimidade com a bola que eu tenho com as regras do beisebol. Carleto só acertou o cruzamento do gol e Gilberto decepcionando no apoio – ambos fraquíssimos na marcação. Mas as limitações da defesa, diante de adversários fracos, preocupam menos do que a inoperância do ataque.

No mais, o que importa é ter consciência que jogamos mal. E, mesmo assim, conseguimos ganhar três pontos. Se tiver que ser assim, que seja desse jeito até o fim.

PS: O filho do Daniel Carvalho pediu para o pai voltar a jogar. Quando o filho do Bill vai pedir para o pai parar de jogar?

 

 

 

vasco 1 x 0 Botafogo: Os erros e o castigo

Na primeira partida da final do Carioca, o vasco dominou durante mais tempo o Botafogo. Teve maior posse de bola, em especial na primeira etapa, quando merecia ter aberto uma vantagem no placar. Envolvido e improdutivo, o meio-de-campo alvinegro pouco fez. A saída de Gegê para a entrada de Tomas melhorou um pouco a nossa situação, e o Botafogo enfim criou as chances mais claras de abrir o marcador: Pimpão, Arão e Bill desperdiçaram as oportunidades de balançar as redes. Erros cruciais, que se tornaram mais lamentáveis por causa do castigo sofrido nos acréscimos, quando houve um vacilo coletivo da defesa e saiu o gol vascaíno.

Tudo está perdido? Sinceramente, não sei. A vantagem foi perdida, mas mesmo assim eliminamos os grenás nas semifinais. Mas tem um item em que o Botafogo já foi derrotado: a preparação física. De novo, o nosso time foi amplamente superado pelo adversário, e chegou ao fim do primeiro tempo já com sérias dificuldades para se impor do ponto de vista físico. Mais do que a conquista ou não da taça carioca, esse fato merece toda a atenção, pois desse jeito será muito difícil enfrentar o ritmo da Série B com uma sucessão interminável de jogos na terça e na sexta, sempre com uma viagem no meio.

No mais, é lamentar que o chute de Arão – o melhor jogador alvinegro da temporada até agora – tenha explodido no travessão e dizer que o Gilberto ainda precisa amadurecer muito para dar conta de marcar e apoiar em um jogo decisivo.

E, claro, não dá para depender de Bill. Cavadinha na decisão, Bill, é coisa só para um louco. Loco Abreu.