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2023: O ano da cicatriz

2023 é um ano marcante. Mas não da forma que a gente imaginou.

Nenhuma temporada de um time de futebol profissional em nosso país, talvez no mundo, foi de um extremo a outro como o turno e returno do Botafogo no Brasileirão de 2023.

Time algum jamais alternou euforia e decepção com tamanha intensidade em um mesmo campeonato. E no mesmo jogo. E no minuto final dos mesmos acréscimos.

Ninguém está preparado emocionalmente para isso. Porque é um fato incomum não apenas no futebol.

O que passamos é muito raro de ser vivido no dia-a-dia, no trabalho, nas férias, na família. Milhões de pessoas nascem, vivem e morrem sem passar por emoções tão intensas – e antagônicas – como as que tivemos de enfrentar em um curtíssimo espaço de tempo. Como seu chefe te chamando na sala dele para falar: “Você foi promovido!” e, logo depois de uma ligação pra comemorar com pai-mãe-filho-filha-namorado-namorada, você ser chamado no RH para escutar de um colega: “O chefe se enganou: você foi demitido.”

O impacto de um tranco intenso – e súbito – é algo muito sério. E que não pode ser menosprezado com o argumento de que “isso é apenas futebol”.

O que ocorre no campo é “apenas” futebol. Mas o que acontece com a gente por causa do que aconteceu no campo não é.

Não me arrependo de ter participado com a nossa torcida, ainda que à distância, das festas que fizemos no Nilton Santos e em muitos jogos como visitante. Era pra festejar, mesmo! Não comemorávamos conquista. Celebramos o prazer de vencer, os gols do Tiquinho, a visão de jogo do Eduardo, as arrancadas do Júnior Santos, a onipresença do Tchê Tchê, os desarmes do Adryelson, as defesaças do Perri. Mas era mais do que o que estava no campo. Era o que compartilhávamos na torcida. Claro que vislumbrávamos a possibilidade cada vez mais concreta de levantar a taça, mas tenho certeza que a alegria maior vinha do que experimentávamos no aqui-e-agora. E com milhares de irmãos de camisa. Com eles, com a Estrela no peito, fomos felizes (e, se os deuses quiserem, com eles ainda seremos).

Ninguém amou o momento de um time como a gente.

Nos sentíamos eufóricos pelas vitórias, pelas atuações, pelas festas, pelos mosaicos, pelas danças, pelos memes, pelas músicas da própria torcida. O Botafogo, e aqui novamente não falo apenas do que acontecia em campo, era um lugar melhor para se viver.

Time e torcida estavam na mesma sintonia. Estávamos encantados.

Após a saída de Luís Castro, o encanto começou a se dissipar.

E veio o doloroso confronto entre expectativa e realidade.

O Botafogo despencou diante de nossos olhos, sem que pudéssemos fazer nada para evitar a queda.

A espiral em descendente alternou ritmos: às vezes era em slow motion, como na desinteressada atuação na continuação, com os portões fechados, do jogo contra o Athletico-PR. Mas tinha também acelerações com solavancos bruscos. Esses foram os momentos mais perigosos. Ninguém passou intacto aos minutos finais que destroçaram os nervos e aceleraram os batimentos cardíacos em diversas partidas do returno.

A insônia foi o menor dos problemas que enfrentamos depois desses jogos.

Como se recuperar emocionalmente do fato de termos testemunhado, na mesma partida, o Botafogo ter no primeiro tempo o desempenho coletivo de um Brasil 1970 (a ponto de muita gente dizer que jamais tinha visto o seu time jogar tão bem) e, na segunda etapa, se transformar em um Brasil 2014, mais especificamente do 7×1 no Mineirão, encolhido nas cordas até o nocaute no último minuto dos acréscimos?

Passamos dos estados de graça à desgraça em 90 minutos.

E teve ainda a piscadinha do Marlon Freitas. A imagem-símbolo do Brasileirão de 2023.

Atitude arrogante de quem ‘cavou’ uma falta e achava que, assim, garantiria o empate.

Mesma arrogância de quem pertence ao grupo que pediu a cabeça do treinador e deve ter garantido ao Textor que eles, com Lúcio Flávio e Joel Carli (ou seja, sem o mínimo de experiência no banco de reservas), iriam segurar a vantagem até a conquista.

“Deixa com a gente, boss!”, devem ter falado na reunião que selou o futuro do Bruno Lage e, de certa forma, também selou o nosso futuro. Não pela saída do Lage, que parecia inevitável pela falta de leitura do treinador português da realidade do futebol brasileiro, como demonstrou na desastrada coletiva após a derrota no clássico pro Fla.

A piscadinha do volante foi acompanhada de um sorriso inaceitável pra quem tinha 3 gols na frente no fim da partida e deveria estar 100% concentrado no jogo.

Olhem o cronômetro no alto, olhem de novo um dos olhos fechados.

Marlon piscou e a derrota chegou.

Mal tivemos tempo de nos recuperar. Menos de uma semana depois, disputamos um clássico em São Januário e o “Capitão Marçal” (muitas aspas) teve a desfaçatez de dizer após a derrota que os jogadores não entraram concentrados. Como assim? Como não focar no trabalho depois de tomar três gols em menos de 15 minutos na partida anterior? Pois foi assim que eles entraram. E repetiram a desconcentração, no mesmo estádio, no segundo tempo contra o Grêmio. De novo, uma virada-relâmpago depois de abrir vantagem que um time de futebol profissional, em qualquer liga, em qualquer divisão, tem obrigação de manter.

Não parou por aí, contudo.

Já tínhamos deixado a vitória escapar contra Bragantino e Santos.

Mas aconteceria algo ainda pior, ainda mais desgastante, ainda mais desmoralizante. Que, se fosse cena de filme de ficção, todos os espectadores diriam que o roteirista havia pesado a mão.

Tivemos de viver a mesma alternância de emoções de uma forma ainda mais dramática na partida contra o Coritiba. Só que em versão editada pro TikTok: em menos de um minuto, passamos, novamente, da euforia e do despertar de uma (leve) esperança para a raiva trazida pela perplexidade de ver o time tomar um gol logo após a saída de jogo, nos últimos segundos do último minuto dos acréscimos.

Quantos times já passaram por uma situação assim no futebol mundial? Poucos, pouquíssimos, talvez nenhum antes do nosso. Por causa de uma série de erros, da diretoria aos jogadores, fomos nós os ‘escolhidos’.

E, para culminar, no último domingo, mesmo com o apoio da torcida até o último jogo em casa, com 15 mil testemunhas de mais uma atuação frustrante, tivemos mais um jogo sem vitória. Outra decepção para a torcida que foi, no returno, castigada e machucada simplesmente porque acreditou que seria correspondida no “maior amor do mundo”.

O que temos conosco ao final da temporada? Não o que a gente sonha desde 1995, mas uma marca negativa que virou notícia até em jornais e sites internacionais.

Ganhamos uma cicatriz.

Antes, éramos um time conhecido fora do Rio de Janeiro pelos inúmeros ídolos, pela tradição, pela história gloriosa.

Agora, não. Somos o time que perdeu o campeonato mais ganho da história dos pontos corridos.

Uma história real, ocorrida no último domingo: um botafoguense pegou um uber em Porto Alegre que estava escutando Grêmio x Vasco. O motorista perguntou ao passageiro qual era o time dele.

“Sou Botafogo.”

O motorista, então, começou a rir. Continuou por um minuto. Repito: um minuto de risadas do motorista do Uber no Rio Grande do Sul que, antes de 2023, não tinha motivos para debochar de um torcedor botafoguense.

Criamos um paradigma no futebol mundial. Recordista de pontuação no turno, pontuação de rebaixado no returno. Dependendo de quem estiver falando, “Botafogo de 2023” será uma referência, um alerta, uma piada, uma citação, um ponto de exclamação, uma tristeza e um escárnio.

Essa é uma marca impossível de ser removida. Vai nos assombrar a cada início, meio e fim de campeonato.

Carregaremos a cicatriz de 2023. Não vai desaparecer. O que John Textor, diretoria, comissão técnica, futuros e atuais jogadores podem fazer é tentar cobri-la com glórias ao transformá-la em um fato isolado.

Mas, mesmo com as futuras conquistas (se vierem), a cicatriz continuará lá. Aqui. Dentro da gente.

Fotos: Vitor Silva e reproduções de TV

O momento eterno

Maracanã, 08 de abril de 2018.

Eu poderia viver para sempre no instante em que Carli chuta a bola que passou pelos pés do Rabello, Pimpão e Kieza e que o Brenner percebe que o capitão vai chutar e o centroavante, de instinto, abre os braços e pula e abre as pernas num improvisado corta-luz pra atrapalhar o goleiro e a gente percebe que o Martin não vai chegar e a bola do nosso capitão vai beijar as redes vascaínas, logo ele que tinha sido barrado e recuperou em campo a sua posição, e, meu Deus!, a bola do Carli vai entrando aos 49 minutos do segundo tempo, justamente o último minuto dos acréscimos, exatamente como aconteceu no primeiro jogo da decisão do Cariocão 2018, e a bola vai entrar e a alegria vai explodir e a esperança vai voltar e instantes assim não acabam, não são nada efêmeros, momentos assim já nascem eternos e gloriosos, momentos assim é que fazem a história do Botafogo de Futebol e Regatas.

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Depois era com o Gatito. E ele pegou dois pênaltis com a frieza e precisão de um cirurgião, com a tranquilidade de quem tem saldo na conta e vai pagar boletos bancários na internet. “Queria pegar mais”, disse o paraguaio, sem empáfia, tranquilo como devem ser os grandes goleiros.

Botafogo v Sao Paulo - Brasileirao Series A 2017

Aí depois era somente alegria e felicidade. Pela forma que o título foi conquistado, com a superação em cima dos favoritos, por eliminar duas vantagens de Flamengo e Vasco, pelo significado de redução do potencial negativo da frase “Tem coisas que só acontecem com o Botafogo”, pelo estádio lotado com duas torcidas em paz, pelo exemplo de civilidade que o Rio conseguiu dar ao Brasil ao menos numa tarde ensolarada de domingo, por tudo isso foi uma das conquistas mais emocionantes do Botafogo no século 21.

Foi diferente. Não se compara. E esse sentimento só a gente entende.

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Uma lágrima para Bebeto

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Obrigado pelo suor e também pelas lágrimas, Bebeto.

Você foi herói em cada jogo, mesmo sem entrar em campo. Você foi um de nós. Você é um de nós. Com Heleno de Freitas e João Saldanha para te receber, você estará em casa. Em família. Agora você é mais uma Estrela.

Obrigado pelo zelo e pelo amor que você tantas vezes demonstrou pelo seu time. Tantos episódios marcantes: a entrada ao vivo em programas de tevê para defender com veemência Dodô e o Botafogo, a reação forte ao peitar a polícia pernambucana e tentar proteger o zagueiro André Luís no estádio dos Aflitos, a emoção com as lágrimas derramadas por ver seu time roubado mais uma vez em uma final estadual. E, tempos depois, mesmo já consolidada a imagem depreciativa do gesto, dizer que tinha orgulho e não se arrependia, porque eram lágrimas de raiva, mas também lágrimas de um defensor incondicional do seu time do coração.

Bebeto era assim: veemente, intransigente, irascível, intenso, apaixonado. Como Heleno e João Saldanha. Sua saída intempestiva da presidência, quando praticamente abandonou o fim do mandato para aceitar uma proposta de emprego, magoou bastante a torcida. Mas, além da atitude, o que ele fez para tirar o Botafogo da Série B e ter o seu próprio estádio é coisa pra se guardar pra sempre do lado esquerdo do peito.

O coração de Bebeto parou de bater em território alvinegro, porque as únicas cores de sua vida foram o preto e o branco.

Bebeto, você morreu como viveu: com o Botafogo no Coração. Continuar lendo

Sobre a Libertadores 2017

Voltei rapidamente apenas para dizer que a disputa da Libertadores tem sido uma das etapas mais intensas da história recente do Botafogo. Que a derrota para o Barcelona de Guayaquil tenha sido apenas uma cicatriz em uma face vitoriosa. E que o Jair Ventura saiba conduzir novamente o seu grupo ao caminho das vitórias.

Feliz ano-novo

Infelizmente não está sendo mais possível atualizar o blog com a periodicidade de antes, mas aproveito o raro tempo livre para desejar aos alvinegros um 2016 pleno de saúde, paz, felicidades e com o brilho da Estrela Solitária a nos iluminar.

Que, no ano que começa, seja mais Jefferson do que Arão, mais Nilton Santos do que Carleto, mais Garrincha do que Gegê, mais o Botafogo que merecemos e amamos do que o Botafogo que tivemos de aturar nos últimos tempos.

Feliz 2016, alvinegros!!

 

O BOTAFOGO VOLTOU!

O Botafogo voltou de onde nunca poderia ter saído.

O Botafogo voltou no campo, na base da dedicação, mais transpiração do que inspiração.

O Botafogo voltou porque soube se impor durante toda a competição.

O Botafogo voltou porque trocou de treinador no momento certo.

O Botafogo voltou porque agora tem um presidente sério.

O Botafogo voltou porque tem um ídolo fora de série.

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O Botafogo voltou porque tem história, tradição e vergonha na cara.

O Botafogo voltou porque, na verdade, nunca se foi.

Tentaram apagar a Estrela, mas não conseguiram. Essa Estrela é a Nossa Estrela.

Essa estrela sempre brilhará. Essa estrela é eterna.

Feliz 2016, Botafogo.

vasco 1 x 0 Botafogo: Os erros e o castigo

Na primeira partida da final do Carioca, o vasco dominou durante mais tempo o Botafogo. Teve maior posse de bola, em especial na primeira etapa, quando merecia ter aberto uma vantagem no placar. Envolvido e improdutivo, o meio-de-campo alvinegro pouco fez. A saída de Gegê para a entrada de Tomas melhorou um pouco a nossa situação, e o Botafogo enfim criou as chances mais claras de abrir o marcador: Pimpão, Arão e Bill desperdiçaram as oportunidades de balançar as redes. Erros cruciais, que se tornaram mais lamentáveis por causa do castigo sofrido nos acréscimos, quando houve um vacilo coletivo da defesa e saiu o gol vascaíno.

Tudo está perdido? Sinceramente, não sei. A vantagem foi perdida, mas mesmo assim eliminamos os grenás nas semifinais. Mas tem um item em que o Botafogo já foi derrotado: a preparação física. De novo, o nosso time foi amplamente superado pelo adversário, e chegou ao fim do primeiro tempo já com sérias dificuldades para se impor do ponto de vista físico. Mais do que a conquista ou não da taça carioca, esse fato merece toda a atenção, pois desse jeito será muito difícil enfrentar o ritmo da Série B com uma sucessão interminável de jogos na terça e na sexta, sempre com uma viagem no meio.

No mais, é lamentar que o chute de Arão – o melhor jogador alvinegro da temporada até agora – tenha explodido no travessão e dizer que o Gilberto ainda precisa amadurecer muito para dar conta de marcar e apoiar em um jogo decisivo.

E, claro, não dá para depender de Bill. Cavadinha na decisão, Bill, é coisa só para um louco. Loco Abreu.

Noite feliz

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Parabéns, Gilberto, pelo belíssimo gol na vitória em cima do Tigres.

Depois de um primeiro tempo horroroso, o Botafogo deslanchou no segundo tempo com movimentação, troca de passes e gols na hora certa.

Ainda falta melhorar muito: acertar a defesa, fazer o meio-de-campo manter a produtividade, exigir que Jobson não seja tão fominha, que Tomas não oscile tanto, que Diego Jardel tenha condições físicas de jogar em alta intensidade o tempo inteiro…

Mas ao menos o golaço do Gilberto, há tanto tempo almejado pelo lateral, garantiu uma noite feliz.

Botafogo 1 x 0 Corinthians: Heróis e muralhas

No mesmo dia em que Jefferson pegou pênalti de Messi e Helton Leite teve noite de Jefferson, os jogadores que restaram no elenco do Botafogo honraram a camisa e fizeram a estrela brilhar.
Graças ao plano tático de Mancini, que armou um time fechado mas competitivo, e contando com a garra de jogadores limitados, mas com sangue nas veias e vergonha na cara, o Botafogo – com um a menos em boa parte do segundo tempo, com a expulsão de Bolatti – conseguiu uma vitória estupenda em Manaus. Uma vitória heróica.
Parabéns, Helton Leite, Junior Cesar, Rodrigo Souto, Wallyson e todos. Vocês foram heroicos. Com esse espírito de luta, e com o apoio incondicional da torcida, ainda há esperanças.
Obrigado ao Botafogo, por transformar uma mera noite de sábado em um sorridente SÁBADO À NOITE.

Botafogo 0x1 Palmeiras: Um retrato na parede

Décima-quinta derrota em 27 jogos.

Pior campanha do returno.

Lanterna do campeonato.

A grande questão do rebaixamento não é mais o “Se”, mas o “Quando”.

Como diria o poeta, o Botafogo é apenas um retrato na parede. Mas como dói.

Botafogo 1 x 0 Chapecoense: Mais uma goleada

Foi contra um time catarinense, o Criciúma, que o Botafogo conseguiu o seu mais elástico resultado no Brasileirão: 6×0, três gols do Daniel.

Nesse sábado, novamente no Maracanã, o alvinegro conseguiu mais uma importante vitória contra um time de Santa Catarina, dessa vez em cima da Chapecoense. Foi 1×0. Foi pouco? Não. Foi outra goleada.

Os gols não vieram com a mesma facilidade do que ocorreu contra o Criciúma por dois motivos: Daniel em noite apagada, e Tanque Ferreyra, pela segunda partida consecutiva, nos presenteando com incessantes e renhidos combates com a bola.

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Em compensação, não apenas pelo belíssimo gol, de repercussão internacional, Cachito Ramírez teve sua melhor atuação com a camisa alvinegra. O peruano, em especial no primeiro tempo, fez o que de há muito faltava ao alvinegro: ligação do meio com o ataque, o que estava sob responsabilidade exclusiva do Zeballos, que, obviamente, por causa das suas limitações, não dava conta.

Lá atrás, de novo Aírton foi soberano enquanto esteve em campo. É notável como o volante subiu de produção desde a chegada do Mancini, e tem impulsionado também a melhora do Gabriel. Com a sua saída, e a entrada do inócuo Bolatti, o Botafogo passou a correr riscos e, não fosse mais uma intervenção milagrosa do Jefferson (e das costas do Jefferson), quase sofreu o empate.  Só não sofreu por causa do goleiro que temos (“um dos melhores do mundo”, como destacou o zagueiro adversário Rafael Lima, no final do jogo) como também pela torcida que foi ao Maracanã. O incentivo dos torcedores foi FUNDAMENTAL para garantir três pontos importantíssimos na briga que nos coube no Brasileirão 2014: o combate  para escapar da parte mais baixa da tabela.

Percebe-se que, com Daniel e Cachito, não cabe Cazalberto nesse time. E que, para a iminente volta do Emerson, Mancini terá de testar o Sheik no lugar do Ferreyra ou do Zeballos (eu ficaria com Daniel e Cachito como titulares). De toda forma, ao repetir a escalação que ganhou dos grenás e perdeu para o Figueirense, o técnico demonstra ter encontrado o seu time titular – e são eles que tentarão nos salvar da degola, pois as outras opções no banco (Mamute, Rogério) só servem para um ataque de nervos.

PS I: Edilson fez uma partida lastimável. E, com a saída do Lucas, é a única opção para a lateral. Preocupante.

PS II: Quase 20 mil presentes. Bom público, pode melhorar.

PS III: André Bahia fez uma partida discreta e segura. Mas não concordo com a barração do Dória.

PS IV: A camisa cinza fica mais bonita quando o time ganha.

Foto: Lancenet!

 

 

Sport Recife 1 x 0 Botafogo: Sem força para reagir

Ok, o Andrey falhou ao dar uma de Neuer e ficar adiantado no chute do Neto Baiano. Mas o goleiro-garoto é o menos culpado pela derrota no Recife.

Pouco vi do primeiro tempo, mas pelos relatos parece que o time estava se comportando bem do ponto de vista tático, e até desperdiçou uma boa chance com Zeballos.

Mas a segunda etapa, meus amigos… que coisa lamentável.  O Sport esteve muito mais próximo do segundo gol do que o alvinegro do empate. Zeballos e Wallyson, simplesmente horrorosos, e Emerson igualmente improdutivo. Os que entraram – Daniel, Carlos Alberto, Jorge Wagner – pouco ou nada criaram. Um time apático, frouxo, sem capacidade de se organizar e sem força para reagir. Lucas e Junior Cesar, outras nulidades – ao menos Bolívar e Dória demonstraram seriedade quando exigidos.

Os salários atrasados estão fazendo diferença, sim. E a entrevista pós-jogo do Mancini, um tanto conformado com a ruindade do segundo tempo e apostando tudo na sequência de partidas em casa, também é de preocupar.

O Botafogo tem cinco derrotas em dez jogos.

Volta, Copa do Mundo!!

Grêmio 2 x 1 Botafogo: Começam as batalhas

Poderia falar que o Carlos Alberto fez um bom primeiro tempo em Caxias do Sul, com um excelente trabalho de assistência no único gol alvinegro, mas depois que ele saiu de campo, o Botafogo perdeu o meio-de-campo e a virada gremista se tornou previsível.

Poderia dizer também que deu para perceber alguma evolução no setor ofensivo, no esboço de entrosamento entre o meio e o ataque, mas o fato de o Emerson não estar inspirado – apenas na hora de dar uma camisada no segurança do time gaúcho – contribuiu para as poucas chances criadas. E que as laterais, com Edilson e Junior Cesar, continuam vulneráveis.

Poderia lembrar também que o Botafogo é um time de elenco limitadíssimo, e por isso não pode abrir mão de seus melhores jogadores, e por isso a ausência do Jefferson fez diferença, em especial no primeiro gol gremista.

Poderia dizer ainda que uma das apostas do Mancini, e também uma de nossas esperanças, o argentino Bolatti, parece ser o caso de um jogador que vai acumulando frustrações a cada rodada. E que o Gabriel está bem longe de ser o volante do ano passado.

Mas o que é preciso dizer, nesse momento, é que a situação se agrava a cada rodada. E, para garantir o objetivo palpável nesse campeonato, será necessário derrubar os times que estão – como o nosso – na parte de baixo da tabela. Ganhar dessa turma é essencial para sobreviver na Série A. E, claro, tentar vencer outras partidas em casa – quando voltarmos a jogar em casa, se é que vamos voltar a ter uma casa, como é que é mesmo jogar em casa?

Então, meus amigos, não há mais como se iludir. As batalhas que importam, as batalhas dos seis pontos, começam no domingo, contra o Vitória, atual 15o colocado na tabela. Que consigamos vencer essas batalhas para garantir a única conquista que nos resta em 2014: a da sobrevivência.

San Lorenzo 3 x 0 Botafogo: Acidente de percurso

Parece que foi ontem que, depois de sofrer para superar o Criciúma, torcer pela combinação de outros resultados e secar a pobre Ponte Preta, estávamos acompanhando felizes da vida o sorteio dos grupos da Libertadores, procurando informações sobre os rivais sul-americanos, até planejando viagens para o exterior.

Era a realização de um sonho adormecido por quase duas décadas.

E como a diretoria se preparou para prolongar ao máximo esse sonho? Não, não houve preparação. Pelo contrário: perdemos a estrela de Seedorf, abrimos mão de jogadores úteis – Rafael Marques, até mesmo Elias – e trocamos um técnico por um não-técnico. Em vez de contratar atacantes, a diretoria foi ao mercado e voltou com três… volantes: o medíocre Aírton, o irregular Bolatti e o lesionado Rodrigo Souto. Três volantes que até agora, juntos se mostraram menos úteis do que um Gabriel. Ou seja: pioramos, e muito, em relação a 2013. E, com o Botafogo, é assim: quando tem tudo para dar certo, como no Carrossel Alvinegro montado pelo Cuca em 2007, dá errado. E quando tem tudo pra dar errado, como na preparação para a temporada 2014, a mais importante dos últimos anos,aí também dá errado. E muito errado.

(Lembrando que a pixotada do Aírton no segundo gol do San Lorenzo só comprovou a velha tese de que jogador ruim não pode sequer ficar no elenco, pois em algum momento ele vai entrar em campo, e falhar em algum instante decisivo)

Não, meus amigos, ao contrário do que vocês vão ouvir e ler por aí, este blogueiro alvinegro não acredita que o Botafogo perdeu a classificação por causa do pênalti “duvidoso” que garantiu a vitória do U.Española no Maracanã. Pelo contrário: o Botafogo só conseguiu chegar com chances de classificação até a última rodada porque a TORCIDA fez bonito, comprou a briga e EMPURROU o time em direção às duas vitórias. Basta comparar a atuação do Botafogo INCENDIADO pela torcida com a do Botafogo MEDROSO que atuou fora do Brasil. Sem o grito alvinegro, esse time atual, com duas ou três exceções, não ultrapassa o limite da mediocridade, do banco à escalação. Retire a técnica de Jefferson, o ímpeto de Dória e Gabriel e o imenso esforço do Tanque Ferreyra e você terá muito pouco, quase nada.

O que fez Lodeiro nos três últimos jogos da Libertadores?  O mesmo que Jorge Wagner, “o especialista em bolas paradas”. O mesmo que Wallyson. O mesmo que Bolívar, “o xerife”. O mesmo que Julio Cesar. Uma constelação de decepções. E o banco, meu Deus?O que dizer de um banco que conta com Ronny, Henrique e um bando de juniores inexpressivos como opções?

Então, a derrota para o San Lorenzo foi uma surpresa? Não, infelizmente não. Foi irritante e vergonhosa, mas não imprevisível. Porque a verdade é que a presença do Botafogo na Libertadores foi um acidente de percurso, tinha os dias contados desde que a diretoria optou por não trazer um técnico para comandar o time em seu momento mais especial.

Tivemos o brilho solitário da torcida (e foi lindo, foi realmente lindo!), tivemos a estrela de Jefferson. Tivemos por duas vezes o gosto da vitória. E foi só o que tivemos, porque foi o máximo que fizemos por merecer.

Não plantamos, não colhemos.

Começamos em primeiro, terminamos em último.

Que vergonha, Botafogo.

 

Derrota no clássico: e daí?

Mais do que o resultado, previsível, a derrota no clássico preocupa por um único e exclusivo motivo: a queda de rendimento do time reserva, que tinha feito um bom jogo contra os grenás e nesse domingo padeceu de vários males, entre eles a acomodação, a displicência e a preguiça.

Exceção do Aírton, sempre à espreita e sempre à caça (do adversário e de um cartão) e das tentativas infrutíferas do Henrique e do Zeballos sem qualquer entrosamento, o resto do time simplesmente não estava afim de jogar. Muito menos de ganhar.

Quem tinha ido bem em outras ocasiões, em especial o Bolatti, dessa vez não fez qualquer diferença. Nem se esforçou muito para fazê-lo. Já quem costuma se esconder dessa vez bateu recorde de invisibilidade – caso do Renato. Outra grande decepção foi o Daniel, que não produziu absolutamente nada no primeiro tempo. No pouco tempo que esteve em campo, Gegê se mostrou mais útil e interessado na partida.

Mais destaques negativos? A insegurança de Dankler, em especial no primeiro tempo, o péssimo desempenho de Lucas, fazendo o Edilson garantir cada vez mais um lugar entre os titulares. E as saídas em falso do espalhafatoso Helton Leite – tenho dúvidas se ele tem cacife para ser o reserva imediato do Jefferson.  

A verdade, meus amigos, é que esse time não jogou patavinas no estadual. E agora tem de mostrar, na Libertadores, dentro e fora de casa, que pode render muito mais do que o mostrado no Carioca.