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Uma lágrima para Bebeto

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Obrigado pelo suor e também pelas lágrimas, Bebeto.

Você foi herói em cada jogo, mesmo sem entrar em campo. Você foi um de nós. Você é um de nós. Com Heleno de Freitas e João Saldanha para te receber, você estará em casa. Em família. Agora você é mais uma Estrela.

Obrigado pelo zelo e pelo amor que você tantas vezes demonstrou pelo seu time. Tantos episódios marcantes: a entrada ao vivo em programas de tevê para defender com veemência Dodô e o Botafogo, a reação forte ao peitar a polícia pernambucana e tentar proteger o zagueiro André Luís no estádio dos Aflitos, a emoção com as lágrimas derramadas por ver seu time roubado mais uma vez em uma final estadual. E, tempos depois, mesmo já consolidada a imagem depreciativa do gesto, dizer que tinha orgulho e não se arrependia, porque eram lágrimas de raiva, mas também lágrimas de um defensor incondicional do seu time do coração.

Bebeto era assim: veemente, intransigente, irascível, intenso, apaixonado. Como Heleno e João Saldanha. Sua saída intempestiva da presidência, quando praticamente abandonou o fim do mandato para aceitar uma proposta de emprego, magoou bastante a torcida. Mas, além da atitude, o que ele fez para tirar o Botafogo da Série B e ter o seu próprio estádio é coisa pra se guardar pra sempre do lado esquerdo do peito.

O coração de Bebeto parou de bater em território alvinegro, porque as únicas cores de sua vida foram o preto e o branco.

Bebeto, você morreu como viveu: com o Botafogo no Coração. Continuar lendo

Não é hora de democracia alvinegra

Eu iria deixar passar batido, mas uma revelação de Túlio no SporTV na última terça-feira me deixou com (mais) um pé atrás em relação ao atual estado das coisas no Botafogo.

O volante contou que, consumada a saída de Cuca, Bebeto reuniu os jogadores e informou os nomes dos candidatos a substituto.

Fez mais: perguntou qual daqueles nomes era o preferido da galera. E eles responderam: Geninho.

Bebeto disse amém. Foi feita a vontade do grupo e sacramentada a escolha do novo técnico alvinegro.

Um mês depois, deu no que deu…

A pergunta que não quer calar: será que esse grupo de jogadores está tão por cima da carne seca a ponto de interferir diretamente na escolha de seu chefe imediato? Eles merecem esse tipo de consideração?

Alguns dos nomes cogitados dão calafrios. Torço para que a escolha recaia sobre um profissional inteligente, de perfil renovado, enérgico, capaz de cobrar de forma dura, mas que se dedique a cada partida como fazia o atual treinador do Santos (não, não quero o Cuca de volta… ainda não).

Como definiu bem o Pereirão, o Botafogo precisa nesse momento de um Bernardinho. O nome dos sonhos seria o Autuori, mas o time parece não ter mais cacife para bancar o técnico que o próprio Botafogo projetou em 1995.

Sei que não há mais tempo para errar de forma tão grave na escolha do técnico: uma segunda lambança pode ser fatal. 

E só espero que esse protótipo de democracia alvinegra, modelo inovador de gestão compartilhada, não seja novamente utilizado na escolha do sucessor do Geninho.

Porque o elenco alvinegro precisa mostrar muita competência dentro de campo antes de começar a decidir o que acontece fora dele.

Apelo à razão: Foco no jogo

Ao vetar meia-entrada para as torcidas organizadas, Bebeto pagou para ver. Daqui para a frente plantará o que colheu, e aqui não há nenhum juízo de valor. Se acertou ou errou, só o tempo dirá.

No primeiro round, a vitória foi do presidente. O Botafogo avançou às semifinais da Copa do Brasil mesmo sem o apoio expressivo das organizadas, que perderam a chance de participar da festa em um boicote pueril, que lembrou antigo ditado sempre repetido pela minha avó:

“Capricho com prejuízo só faz quem não tem juízo…”

Desconfio que, independente do boicote, o fato de o jogo contra o Corinthians ter sido marcado para um horário decente, 20h30, vai contribuir para um maior público na próxima terça-feira. Ao contrário da quarta passada, ninguém sairá do Engenhão depois da meia-noite num dia de semana.

Há, claro, providências a serem tomadas pela diretoria. Ficar, por exemplo, de olhos bem abertos para impedir a venda de ingressos aos visitantes além da cota máxima.

Mas, quanto à questão da proibição à meia-entrada, bola pra frente. Se a diretoria tiver tomado a decisão errada, paciência. Aprenderá com o erro pois não está agindo dessa forma por má-fé mas porque acredita que essa é a melhor decisão para o Botafogo. E há coerência na atitude de não privilegiar um grupo de torcedores em detrimento dos outros. Até acho que pode haver outras formas de incentivo às organizadas, mas não financeiras. E nem é, agora, o momento de discuti-las: temos um Brasileirão inteiro para fazer isso.

O mais importante: não será por esse confronto Bebeto x Organizadas que o Botafogo vencerá ou perderá a partida da próxima terça. Até porque, bem que gostaríamos que fosse, mas o Engenhão não é exatamente um caldeirão. A pressão não faz tanta diferença como, por exemplo, faz na Ilha do Retiro – a pista de atletismo afasta a torcida e dificulta a ebulição máxima.

Me preocupa bem mais o fato de o time não apresentar um futebol de encher os olhos desde a semifinal da Taça GB contra o fluzinho, quando fizemos a nossa melhor partida do ano (obviamente não levo em conta aqui confrontos contra times pequenos nem clássicos esvaziados).  São raras as ultrapassagens, triangulações, bolas enfiadas na área, tabelinhas desconcertantes e envolventes, todas características do melhor que o Botafogo ofereceu em 2007 e 2008. 

As jogadas ensaiadas estão se mostrando improdutivas e previsíveis. A ausência de um lateral-esquerdo de ofício e o rendimento inconstante de titulares absolutos, como Túlio, Jorge Henrique e Lúcio Flávio, também contribuem para a queda de produtividade de um time que, sabemos desde o início do ano, é tecnicamente limitado. Triguinho terá condições de voltar? Túlio Souza entra no lugar de Diguinho ou Leandro Guerreiro volta para sua posição original? E, nesse caso, quem fará a ala esquerda?

O Corinthians está em ascensão, chega às semifinais sem contusões nem suspensões, com toda a fome do mundo em busca da vaga na Libertadores, com uma torcida magoada com o rebaixamento, enlouquecida atrás de um título. Quem vai marcar o Herrera, já que o Diguinho não estará em campo? E o Lulinha caindo pelas pontas, quem fará o primeiro combate? Estes deveriam ser os motivos de nossas preocupações até a próxima terça-feira. 

Está na hora de concentrar o foco no que pode acontecer dentro de campo. Não se iludam: essa classificação é difícilima! 

E cabe aos torcedores que podem ir ao Engenhão, organizada ou desorganizadamente, apoiar os jogadores durante os 90 minutos. Qual será a utilidade,  por exemplo, de vaiar Zé Carlos num jogo decisivo? Cuca tem melhores opções no banco? Não, meus caros, sabemos que ele não tem. E, com o que tem, ele já fez milagre. Ainda precisamos – muito – de bons reforços. Carlos Alberto é pouco, para quem sonha com a Libertadores, mas nem este estará disponível na próxima semana. 

Roupa suja se lava em casa – mas só depois da festa, ou da ressaca. De cabeça quente, já esgotamos – torcida, diretoria, jogadores – a nossa cota de atitudes infantis nos últimos meses.