A hora de reagir

“Você tem que ter personalidade! Você é quem manda! Agora você tem que expulsar!”. Sem qualquer vestígio de vergonha na cara, o lateral do Madureira revelou ao Globo Esporte essa semana que pressionou o juiz da partida do último domingo  a expulsar Seedorf. Inexperiente e inseguro, o árbitro seguiu a orientação do jogador do Madureira, que comemorou o resultado de sua estratégia com aplausos veementes.

Tive vontade de vomitar ao ver as imagens do pobre lateral, todo sorridente por ter conseguido o seu objetivo: tirar um craque de campo. Poucas vezes foi tão representativa a vitória da mediocridade diante da excelência. Pobre dele, pobre de nós, pobre Brasil.

O fato serviu ao menos para consolidar uma certeza: dentro de campo, Seedorf está na mira dos invejosos. Fora dele, dos ressentidos. Querem rebaixar nosso craque, dizer que ele  tem que receber o mesmo tratamento dos outros jogadores. NÃO É BEM ASSIM. Claro que, na parte objetiva, uma agressão, por exemplo, o tratamento deve ser o mesmo. Mas,  quando se trata de analisar o comportamento do atleta, como fez o juiz da partida ao deduzir que Clarence estava querendo fazer cera, o passado de um jogador pode – e deve – ser considerado.

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Na entrevista dessa sexta-feira, apesar da má vontade de alguns para compreender o que ele disse, o holandês teve a chance de explicar que, pela sua vida pregressa (que inclui, como lembrou, o posto de embaixador de fairplay da UEFA), o juiz teria motivos suficientes para saber que ele não iria fazer cera ao ser substituído. Em frase exemplar, ele lembrou o que todos já puderam observar, há uma maneira muito mais inteligente de fazer o cronômetro avançar: “Se quero perder tempo, vou fazer com a bola no pé, como fiz contra o Vasco”.

Mas o que me incomodou nessa entrevista foi o tom do Seedorf. Mesmo aparentemente relaxado, ele pareceu em alguns momentos bem contrariado, por se ver injustiçado e levado ao centro do ringue para uma discussão interminável. Isso porque ele ainda não vislumbrou o circo que será montado para seu julgamento, com advogados e promotores tirando “casquinha” para aparecer na mídia assim que os holofotes acenderem.  Essa contrariedade certamente não ajudará o holandês em seus próximos compromissos no Brasil: atiçará os  medíocres a tentarem provocá-lo, bem como fará os juízes daqui pra frente tentarem impor “autoridade” a todo custo.

Aí, para piorar tudo, surge a interdição do Engenhão.

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O fechamento do nosso estádio foi a pior notícia que poderíamos receber desde, sei lá, a suspensão do Dodô em 2007. Financeiramente, o prejuízo é maior do que o de um rebaixamento – pois o ressarcimento, se vier, vai demorar longos anos, enquanto a perda de receita é imediata, com ausência das placas de publicidade, dos camarotes, etc. Sem contar as outras possibilidades de grana – naming rights – que estavam para chegar, segundo a diretoria. Não sei exatamente quanto será o prejuízo, acho que nem os cartolas conseguiram quantificar, mas é certo que as portas fechadas nos custarão alguns milhões, que farão falta, por exemplo, na hora de contratar reforços de peso para o ataque. Ou mesmo de manter os salários em dia.

Cabe à diretoria encontrar uma nova “casa” – e com urgência. Não para o Campeonato Carioca, mas para a Copa do Brasil e para o Brasileirão.

A verdade, meus amigos, é que dois dos maiores trunfos alvinegros dos últimos anos, Seedorf e Engenhão, entraram na linha de tiro ao mesmo tempo: isso não é coincidência. O Botafogo passou a incomodar. O êxito na Taça Guanabara, com a imagem de Seedorf sorridente no nosso estádio, correu o mundo. E os elogios quase unânimes ao holandês despertaram um misto de inveja e ressentimento em muitos rivais, profundamente incomodados com a onda de mídia positiva (e era apenas a Taça GB, imagine se fosse a Copa do Brasil ou um Brasileirão).

Não importa se é o destino ou se é uma ação orquestrada: dentro e fora de campo, querem brecar a ascensão do Botafogo. E isso já nos custou caríssimo em 2007, o ano em que ficamos tão próximos da glória e só conseguimos colher frustrações.

Está na hora de a torcida reagir. Mostrar apoio nesse momento não significa endossar o que a diretoria faz ou deixa de fazer, mas mostrar que o Botafogo é gigante, não pode ser apequenado nem menosprezado.

Iniciativas simples, como vestir a camisa mais linda do mundo, já ajudam a demonstrar que nós compramos essa “briga”, que vamos fazer barulho na defesa do Seedorf, do Engenhão e de todas as glórias alvinegras do passado e do presente. Percebi um aumento de camisas alvinegras nas ruas nos últimos dias – acho que, inconscientemente, já estamos sentindo a necessidade de mostrar que o Botafogo não vai se intimidar, que estamos vigilantes, dispostos a defender as nossas cores.

Não podemos ser usurpados.

Com ou sem estádio, com ou sem Oswaldo, com ou sem Rafael Marques, com ou sem diretoria atuante, não importa: o que deve importar nesse momento delicado é que nós temos Seedorf, Jefferson, Lodeiro, Dória, Gabriel, Bolívar, Mattos e outros jogadores dispostos a fazer uma grande temporada. E, claro, temos a nossa história, os nossos ídolos, a nossa glória para nos acompanhar. Não é pouco.

Tu és o Glorioso, Botafogo; não podes perder, perder pra ninguém, perder por W.O, sem exercer o direito de batalhar, não sem ter o apoio dos que te amam, e te amarão no Engenhão, Cidadania, Caio Martins, Moça Bonita, Edson Passos, General Severiano, Bezerrão, onde for.

Se marcarem jogo na PQP, é lá que estaremos para te acompanhar.

Vamos pra cima deles!

8 Respostas para “A hora de reagir

  1. Prezado Marcelo, bom dia!

    Acompanho esse espaço há tempos e considero tuas opiniões muito sensatas e equilibradas. Hoje, não resisti e vim dar meu apoio por escrito às tuas palavras.
    Dia, 17, no Bezerrão, estaremos gritando por essa estrela que escolheu nosso peito pra brilhar!
    Um forte abraço!

  2. Faixa p/ expor na arquibancada: PELO FIM DA PALHAÇADA NA ARBITRAGEM RJ, CARTÃO VERMELHO P/ O RABELLO.

  3. ENGENHÃO

    A quem me possa responder.

    O que está comprometido, no Engenhão, é algo pontual, específico a ferragem de sustentação da estrutura?
    É possível subtrair a cobertura, sem abalar à estrutura das arquibancadas?
    É possível realizações de eventos sem a cobertura?
    É possível o retorno da cobertura, no intervalo já previsto para adequação aos Jogos Olímpicos?

  4. Belíssimo texto, vc sintetizou tudo o que penso e sinto a respeito desses últimos acontecimentos com o nosso Glorioso. No feriadão da Semana Santa, fui a Balneário Camboriú-SC e, é claro, vesti a gloriosa, a camisa mais linda do mundo. E não estava sozinho! Nossos irmãos de camisa também estavam lá, trajando a gloriosa.
    Jamais conseguirão nos derrubar! Pra cima deles, Glorioso!

  5. Texto que emociona, mesmo a um dos mais velhos torcedores que já teve a felicidade de ver a camisa do Glorioso com a estrela solitária no peito de Nilton Santos, Garrincha, Didi, Jairzinho e tantos outros que engrandeceram o Botafogo e a Seleção brasileira e que agora via (mesmo em pedaços) a TV mostrar as aulas de futebol do grande Seedorf.
    Há coisas que só acontecem com o Botafogo – como essa emoção que só sente quem torce pelo Glorioso de General Severiano!

  6. Gostaria de fazer uma parceria com o seu site, tenho um site do Botafogo na internet, e gostaria de fazer uma troca de banners.

    Meu site é: http://www.oglorioso.net dê uma olhada por favor.
    Qualquer coisa é só entrar em contato através do e-mail.

    Atenciosamente,
    Victor Duarte

  7. Só lembrando que o Seedorf poderia, se quisesse mesmo colaborar, sair pelo lado do campo que estava mais próximo. E quanto ao Engenhão, devemos também nos por no lugar do Prefeito. Ele tem um laudo nas mãos; se a casa literalmente caísse na cabeça de milhares de quem seria a culpa ? Quanto ao apoio da torcida, endosso, enfatizando que ele (apoio) quase sempre falta nos momentos decisivos (que nem sempre são apenas as decisões).

    Sílvio Porto Alegre

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