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Retrospectiva 2010: A imagem do ano

Precisa explicar o motivo da escolha?

 

 

A bênção, São Jefferson: A Crônica do Pereirão!

O herói da conquista

C. Pereira

Confesso que não sei quem é o autor da frase, mas ela virou antológica:

– Todo time pra ser campeão, tem que ter um bom  goleiro.

Depois da histórica e magnífica conquista de domingo – é bom ser campeão, melhor é ser em cima do flamengo e, melhor ainda, quando o nosso goleiro, Jefferson, o meu personagem da semana – como diria Nelson Rodrigues –  defende um penalty –  me interessa  é escrever um pouco sobre os goleiros do Botafogo.

Oswaldo “baliza” foi o primeiro de que tive notícia, pois jogou no Fogão durante quase 10 anos (de 1943 a 1952), como titular absoluto e defendeu a meta alvinegra em jornadas memoráveis (e gloriosas) – como em 1948 quando formou no time campeão que ainda tinha Gerson e Nilton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Pirilo, Otávio e Braguinha. Alto, magro, quase negro, Oswaldo nunca jogou por outro time e, não sei até hoje, porque não foi convocado para a seleção em  1950 e 1954 – preterido por dois monstros do arco, Barbosa (do Vasco) e Castilho, do Fluminense.

De 1958 a 1967, reinou absoluto na meta alvinegra aquele que considero ter sido o melhor goleiro botafoguense de todos os tempos, Manga. Grandão, musculoso – um verdadeiro armário –  de uma elasticidade sem limite e de uma coragem de meter medo em qualquer atacante adversário – quando saía do gol para socar a bola se encontrasse alguma cabeça pela frente, Deus que se apiedasse do coitado… Foi campeão carioca em 1967  e titular da seleção brasileira no lamentável fiasco de 1966 na Inglaterra.

Em 1989, o  goleiro alvinegro era Ricardo Cruz que se não chegara a brilhar, terminou por se constituir num dos esteios do time que ganhou  o  campeonato, depois de 21 anos de jejum. Esse título foi um dos mais comemorados de todos os tempos, também porque foi obtido com um gol do camisa 7 (de Garrincha) Maurício, no finalzinho do jogo e diante de quem? Do flamengo… Até Vila Isabel, tradicional reduto rubro-negro, naquela noite gloriosa vestiu-se de branco e preto e caiu no samba, sob o comando de uma das mais ilustres  botafoguenses, Beth Carvalho.

Em 1995, tivemos o goleiro Wagner que era oito ou oitenta. Ora fechava o arco pegando tudo, ora deixava passar bolas fáceis, de preferência por baixo das pernas (ou da barriga). Mas foi importante na campanha que nos levou ao primeiro (e até agora único) título de campeão brasileiro. Dele, se conta que nos anos seguintes, já desprestigiado e substituído de vez em quando, descobriu-se que sofria da vista, daí porque só conseguia jogar bem quando as partidas eram disputadas à tarde – os refletores ofuscavam seus olhos o que levou um comentarista irônico a propor aos dirigentes botafoguenses uma consulta ao oftalmologista e a compra de providenciais óculos (ou lentes de contacto).

Chegando aos anos de 2007 e 2008, recordo que 2007 foi o ano do calvário dos goleiros do Botafogo. Foram frangos e mais frangos e o pior – sempre em jogos decisivos. Não adiantava mudar o nome, podia ser Júlio César (enganou durante algum tempo), Lopes e Max. Aliás, a  netinha alvinegra Bebel,  quando a TV mostrava Max entrando em campo, ela protestava, quase em prantos: Não, Max, não, por favor!

Em 2008, até que melhoramos, mas a sina continuou: de vez em quando os nossos goleiros teimavam em tergiversar – saíam mal do gol, rebatiam bolas fáceis e se davam ao luxo de fazer golpe de vista que quase  sempre  redundava em perigo para o time.

O uruguaio Castillo, vira e mexe nos deixava aflitos, ora saindo mal ora  deixando de sair na hora para cortar bolas alçadas sobre a nossa área. Daí porque, a entrada do jovem Renan –  embora ainda um tanto inexperiente –  nos deixava mais tranqüilos ou menos preocupados, pelos predicados que tem e que ainda vão render em grandes benefícios para o clube.

E aí, chegado não se de onde, eis que aporta em General Severiano “o homem de gelo” que atende pelo nome de Jefferson e que, sem dúvida,  foi um dos grandes (senão o maior) artífice das grandes vitórias no campeonato que terminou nesse domingo.

O título de campeão, graças a Deus, a Joel, aos estrangeiros Herrera e El Loco Abreu, ao talismã Caio, a Leandro Guerreiro e (por que não?) aos polêmicos Alessandro, Fahel, Lúcio Flávio e outros, além, é claro de Armando Nogueira, voltou para a praça do Manequinho que era o seu endereço desde 2007…

Jefferson  foi, sem dúvida, o grande herói do jogo do domingo, além de ter – noutras partidas – salvado o time de derrotas certas.

Ele consegue  sair bem do gol, é corajoso, sabe cortar as bolas lançadas pelo alto e – o melhor – é gelado, gelado…

A sua defesa no penalty (mal) batido pelo ex-imperador, além de portentosa, foi a jogada da partida, igual só o penalty batido pelo “Loco” Abreu –no melhor estilo de Zinedine Zidane… A partir dali até eu (que não vejo mais os jogos do Fogão) tive certeza de que, desta vez, o título estaria em nossas mãos.

Ou melhor, nas benditas mãos de Jefferson – o grande goleiro do Botafogo de hoje. A ele, as nossas mais escolhidas homenagens.

Porque ele bem que as merece, também para comprovar o que foi dito no começo: Time pra ser campeão, tem que ter um bom goleiro – e Jefferson demonstrou que, embora não seja santo, operou verdadeiros milagres nessa belíssima campanha que consagrou o Glorioso –  repetindo o ocorrido há 100 anos – como legítimo campeão carioca de futebol.

A bênção, São Jefferson!

C.Pereira é jornalista, alvinegro e caminhante. Nessa segunda-feira, vestiu uma camisa listrada e saiu sendo cumprimentado por outros alvinegros no calçadão de Tambaú, em João Pessoa. Então, C.Pereira é, além de um pai exemplar e um avô mais do que afetuoso, um homem que carrega a estrela no coração.

Foto: Lancenet!

Botafogo campeão 2010: O pôster (e as atuações)

Enfim, as atuações de cada um dos jogadores da final, com uma novidade: a nota máxima aumentou. Os desempenhos antológicos ganham nota 13, em homenagem à soma dos números da data do título 1+8+0+4 = 13 (muito bem sacado, Gustavo!), número da sorte do Zagallo e de um certo uruguayo que chegou carregado de desconfiança (inclusive a minha…) e já ergueu três troféus em menos de seis meses.

Jefferson – Além da segurança e frieza no pênalti do imperadô, várias saídas seguras, malandragem na hora certa e uma defesa difícilima nos últimos minutos no chute do Love com 347 jogadores à sua frente. Nota 13

Alessandro – Deixou alguns buracos em seu setor, especialmente no primeiro tempo. Por mim, nota 8. Mas como o Vieira, em estado etílico avançado, se declarou apaixonado pelo “Presidente” e o careca deu uma desarmada desconcertante no Michael na segunda etapa além de impedir o Herrera de nocautear o juiz no lance do pênalti deles, Nota 10.

Antonio Carlos – Discreto, mas seguro e bem posicionado (quase sempre). A bola que escorou para a lateral quando não havia marcador em cima é o reflexo de sua seriedade e limitação: “Não posso ficar muito tempo com a bola no pé porque sei que vou fazer m…”. Nota 7

Fahel – Não se houve bem como em jogos anteriores, mas fez de sua limitação a força que o moveu para o título (será que ele vai entender essa frase?). Nota 6

Fábio Ferreira – Um monstro. Desarmes precisos, sem faltas, e um corte salvador de uma bola que ia para dentro do gol do Jefferson. Nota 10

Somália – Demorou para encontrar o tempo da marcação, mas fez um segundo tempo excepcional. Por salvar um gol nos últimos minutos, Nota 10.

Leandro Guerreiro – Alguns bons desarmes, bom senso de colocação e nenhuma lambança decisiva. Foi premiado pelo Destino. Pelo jogo desse domingo, Nota 7. Pelo Guerreiro dos anos anteriores, Nota 9. Média: Nota 8

Túlio Souza – Um bom primeiro tempo. Depois cansou, mas lutou o quanto pôde. Nota 7

R.Cajá – A boa surpresa, especialmente na primeira parte do primeiro tempo – foi graças à ele que o Botafogo, ao contrário da partida contra os grenás, colocou a bola no chão e foi melhor que o adversário. Mas depois a língua estirou, passou a errar passes e cobranças. Foi um peso morto na segunda etapa até ser substituído. Nota 7,5

Herrera – Seu jeito “diabo da tasmãnia” de acreditar em TODAS as bolas inferniza o adversário, contagia os colegas e ressoa na torcida. Fez um dos gols do título e foi o jogador mais regular do campeonato. Mesmo com a expulsão por excesso de vontade, Nota 13

Abreu – Fibra de vencedor, inteligência muito acima da média e liderança absoluta. E olha que a bola simplesmente não chegou na sua cabeça – a turma errou cruzamentos de forma inacreditável. A forma que bateu o pênalti, humilhando o jogador-símbolo do adversário e que tantas vezes defendeu cobranças em momentos decisivos,  será lembrada por todos os botafoguenses – foi o drible do Maicosuel na Juanita versão 2010, só que dessa vez o lance foi decisivo para o título.  Nota 13

Caio – Perdeu um gol feito que não se perde em decisão, por excesso de entusiasmo. Mas conseguiu prender a bola nos momentos certos e, mesmo sem marcar, deu importante contribuição para o título. Nota 9

Edno – Tentou prender a bola no ataque, mas sem muito resultado. Ainda deve uma grande atuação. Nota 7

Joel – Conseguiu ser campeão e, com exceção do irrecuperável Eduardo, ainda apostando no Fahel, Alessandro e companhia. O time jogou bem mais do que na partida passada. Tem uma estrela do tamanho da que brilha em General Severiano. Nota 13

Lúcio Flávio – Esse, sim, o nosso talismã. Fora da final, prestou entrevistas esclarecedoras, participou de campanhas beneficentes, cumpriu inúmeros compromissos. Sempre de forma bem articulada, ponderada e equilibrada, como é de seu feitio. Por seu desempenho fora de campo, Nota 10.

PS: Um recado para o Maicosuel: Esse título também é seu. Pode pedir uma faixa aí na Alemanha que a gente manda te entregar.

Botafogo 2 x 1 flamengo: É muito bom ser campeão!

É muito bom ser campeão.

É muito bom ser campeão ganhando duas decisões de turno.

É muito bom ser campeão ganhando todos os clássicos decisivos.

É muito bom ser campeão em cima do flamengo.

É muito bom ser campeão com dois pênaltis convertidos.

É muito bom ser campeão com um pênalti do Loco Abreu que humilhou o Bruno.

É muito bom ser campeão com o Jefferson defendendo pênalti do Adriano.

É muito bom ver o Império do Amor desmoronar bem diante de nossos olhos.

É muito bom fechar um campeonato sem ter vices – urubus e vascaínos terão que dividir o título.

É muito bom ver jogadores com fibra de vencedor: Abreu, Herrera, Jefferson.

É muito bom ver uma torcida, enfim, com direito a um grande desaFOGO.

É muito bom ser BOTAFOGO.

Agora, vou festejar…

Acréscimo das 19h30: Acabo de voltar da rua do Só Drink´s da Asa Norte, tradicional ponto de concentração da torcida alvinegra. Lá encontrei o Vieira declarando amor pelo Alessandro, gente cantando o hino a plenos pulmões, entre outras cenas inesquecíveis. Uma delas – um garoto de no máximo 12 anos, cabelo encaracolado, de óculos, sozinho, de olhos fechados e punho cerrado comemorando o título. Isso diz tudo.

E mais um breve comentário: enfim, acabou o campeonato de 2007. A palavra é desafogo,