Histórias Gloriosas – As Crônicas do Pereirão (VII): Gol de bicicleta de Paulo Valentim!

C.Pereira

Depois de mais um insucesso alvinegro diante do flamengo (vai embora, Joel, por favor!), cabe-me repor alguma energia nos torcedores do Fogão, preparando-os para os futuros embates – a começar pelos difíceis jogos contra o Atlético-MG pela Copa do Brasil.

E nada melhor nesta hora para esfriar a cuca (sem trocadilho) do que recordar o grande jogo de dezembro de 1957, contra o fluminense, decidindo o campeonato carioca. À época, a vitória contava dois pontos e o tricolor estava na frente do Botafogo, com um pontinho a mais, ou seja jogava por um empate para levar a Taça.

O campeonato era disputado em pontos corridos e os dois times faziam campanhas admiráveis: o Botafogo, por exemplo só perdera duas vezes, uma para o flu e outra para o vasco e empatara duas vezes com o flamengo. O resto, o time vencera a todos de goleada.  Mas, para ser campeão,  precisava vencer, a qualquer custo, o flu que era treinado por Sylvio Pirilo e tinha jogadores de alto quilate como o goleiro Castilho, o zagueiro Pinheiro e o dianteiro Valdo.

O técnico alvinegro era João Saldanha que, naquele memorável jogo, quase na véspera de Natal (foi na tarde de 22 de dezembro), armou um time ofensivo e depositou todas suas fichas na impetuosidade e na raça do centro-avante Paulo Valentim, nascido em Barra do Piraí que Saldanha trouxera do Atlético-MG para tentar quebrar o jejum de títulos do Botafogo que já durava 9 anos. 

A partida, disputada no Maracanã diante de 90 mil espectadores, teve como árbitro Alberto da Gama Malcher e apresentou um resultado surpreendente – a goleada histórica de 6×2 para o Botafogo com Paulo Valentim assinalando 5 dos seis gols, cabendo a Garrincha completar o marcador. O mais importante e que ficou gravado definitivamente na história do clube e do jogador foi o extraordinário gol de bicicleta que ele marcou, me parece, o quinto, gol que foi passado e repassado várias vezes no Canal 100, de Carlinhos Niemeyer que exibia nos cinemas lances das principais partidas de futebol do país. O time campeão era formado por  Adalberto,  Thomé e Nilton Santos; Beto, Pampolini e Didi;  Garrincha,  Edson, Paulo Valentim  e Quarentinha.
Aquele era um tempo em que o Botafogo jogava para frente e ganhava quase tudo. E Paulo Valentim que, depois se transferiu para o Boca Juniors da Argentina onde também virou ídolo, teve também outro lance que o destacou na história esportiva do Brasil. Assim como acontecera com Heleno de Freitas, outro craque botafoguense de intenso destaque, Paulinho Valentim era namorador e boêmio e nessa sua faceta de vida conheceu e se casou com Hilda Furacão que era, na época, tida como mulher de “vida fácil”, em Belo Horizonte.
Dizem que, na hora do casório, o Padre exortou Hilda a mudar o seu comportamento e só não foi esmurrado por Paulo Valentim por oportuna intervenção de João Saldanha que, amigo e técnico do noivo, era padrinho da cerimônia. 
Essa é, em resumo, a trajetória de Paulo Valentim um dos maiores jogadores do Botafogo de Futebol e Regatas que nos dias de hoje para ganhar algum campeonato está precisando de nomes desse mesmo naipe…

Além de pai e avô exemplar, C.Pereira é jornalista e alvinegro, não necessariamente nessa ordem

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