Ordinário, em português, é uma palavra que acabou ganhando uma conotação depreciativa. Algo como “reles”, “rasteiro”, “de má qualidade”.
Mas a palavra pode significar apenas algo que não consegue sair do padrão, rotineiro, previsível.
Exatamente o que o Botafogo não tem sido em 2013: um time ordinário.
Poderíamos ter perdido o jogo desse domingo em Criciúma: adversário fortalecido por três vitórias consecutivas , nosso time desfalcado de seis titulares absolutos. Não seria um resultado anormal. O empate, pra muitos (como eu), já poderia ser considerado um bom resultado, diante dos seguidos infortúnios das circunstâncias. E, pelo que não mostrou no primeiro tempo, o Botafogo esteve muito próximo de confirmar a expectativa inicial.
Mas as coisas mudaram na segunda etapa. E, comandados por Rafael Marques (passes perfeitos, visão de jogo, liderança e tranquilidade), o time mudou de cara.
O empate veio sem muita dificuldade, com a imposição do nosso ritmo de jogo. E com um gol de mais um jovem talento alvinegro – se, na quinta, Hyuri brilhou, dessa vez ele sumiu. E coube ao talentoso Octávio o papel de revelação, aquele que seria batizado dentro de campo com o balançar das redes.
Algo ainda mais extraordinário, porém, estava para acontecer. Quando o jogo caminhava para o 1×1, brilhou a estrela de Elias. Sim, de Elias, justo o cara que tinha sido um dos poucos destaques negativos da partida, por causa de lances bisonhos do ponto de vista técnico. Sim, Elias, o improdutivo. Sim, Elias, justo o limitado e às vezes irritante Elias, nos garantiu a vitória.
E, ora vejam só, nos acréscimos, logo eles, nossos algozes em três partidas.
E, ora vejam só de novo, Elias não só balançou as redes, como Octávio, mas o fez em um lance de grande dificuldade de execução, que poderia ter resultado em uma furada histórica ou uma finalização descalibrada. Nada disso: foi uma obra de arte.
Elias fez um golaço nos acréscimos. Isso, sim, é extraordinário.
E o que poderia ser apenas mais uma vitória em Santa Catarina ganhou uma inesperada tonalidade arrebatadora. Uma injeção cavalar de confiança foi aplicada na torcida. Mais uma vez.
Porque o Botafogo, desde o Campeonato Carioca, tem feito coisas extraordinárias em 2013.
Mesmo quando suas estrelas não entram em campo ou são vendidas, outros entram em campo e nos iluminam.
Porque, talvez mais importante do que “ter um elenco” de jogadores caros e acomodados por causa da grife, seja possuir um grupo de jogadores, experientes ou recém-profissionalizados, dispostos a tudo para corresponder ao serem acionados pelo Oswaldo (e, sim, os méritos da vitória desse domingo são todos dele). Um time de vencedores.
Nesse domingo, quem ganhou não foi o Seedorf, o Jefferson, o Lodeiro, o Hyuri.
Quem ganhou foi o Rafael Marques (e que história extraordinária ele está escrevendo em 2013!), o Milton Raphael (muito seguro, em especial no 20 tempo), o Edilson, o Octávio, o Marcelo Mattos (atuação monstruosa), o Lima, o Gegê, o nutricionista, o fisiologista, o torcedor que foi até Criciúma e saiu de lá premiado com o que viu e gritando o mantra: “1.2.3. nós estamos com vocês!”.
Quem ganhou foi o Botafogo.
Texto também, como sempre, extraordinário!
Oswaldo e Rafael Marques. os mais contestados ano passado, e os mais importantes esse ano! Parabens pelo texto, continue assim
Pois é, justo na hora em que estava me perguntando porque Oswaldo de Oliveira não substituiu Elias, ele vai lá e faz aquele golaço. De forma semelhante a um buraco negro, a bola chegava nele e não voltava mais, muitas vezes por faltas no ataque e outras por simplesmente não conseguir dominá-la. Como é que pode um sujeito que não estava conseguindo acertar um passe de 2 metros faz um gol desses? Alguém, por favor, me explique.
Extraordinariamente bem escrito! E que seja tambem extraordinario a presenca da nossa torcida, no Maracana, na quarta, contra os gambas.
Eu acredito mais ainda nesse Botafogo!
A história do Rafael Marques tem sido — e você tem absoluta razão — extraordinária. É impressionante ver como o aspecto emocional pesa tanto no rendimento de um profissional. De um ano passado ridículo, ele conseguiu uma superação incrível. E eu nunca cornetei! 🙂
Cara. Acho que assisti outro jogo, eu vi muitas vezes o Elias tentar dominar bolas quadradas que tocavam pra ele. Sempre muito raçudo. Gosto do futebol do Elias. É um cara que não desiste nunca, está sempre ligado no jogo, centroavante clássico. Não foi só pelo gol. Eu passei o jogo inteiro dizendo pra mim mesmo, o Elias merece um gol, tá brigando, correndo, tava muito isolado na frente e mesmo assim não desistia. O cara mereceu.
Colega Alvinegro, diversas jogadas de ataque foram interrompidas por faltas de ataque ou por impedimentos. Considero que Elias não fez boa partida, mas o que realmente importa é a vitória.
Me lembro que ano passado quando terminou o campeonato ficou aquele impasse de saber de Oswaldo iria ou não renovar, e eu conversava com meu pai (Botafoguense, óbvio) que se a diretoria mantivesse o nosso treinador teríamos um ano promissor, e olha o resultado, campanha impecável no título do carioca, eliminamos o Galo, atual campeão da América e estamos aí, brilhando como a nossa estrela no Brasileirão, eu não tenho dúvida que disputaremos ponto a ponto esse título Brasileiro, porque há muito tempo não vejo o Botafogo com essa consciência e disciplina tática, o Botafogo hoje é um time que sabe superar suas dificuldades e limites. Ah, não posso esquecer do EXCELENTE trabalho da Diretoria, em nome do Presidente Maurício Assumpção, e o trabalho feito nas categorias de base também há de ser enaltecido. Viva o Botafogo!!
Marcelo,
Ver esse time jogar é muito bom e tira o ranço que tinha dos entregadores, amarelões e das promessas vazias!
Estão mais que unidos! Essa garotada (identificada com as nossas cores e tradições) com a experiência e espírito vencedor do Seedorf e do Bolívar fazem muita diferença. E que diferença!
Reconheço que o monge japonês, também, tem uma parcela muito grande e de comando. Sempre que pode valoriza o grupo e a comissão técnica.
Tenho certeza que ontem ele mandou um recado para a “frapress” quando falou do nutricionista e fisiologista.
Lembra da “frapress” fomentando briga entre os departamentos e o Seedorf?
Como disse o Rui Moura; levantando os canecos no final do ano, esse grupo precisa e deve ser canonizado no solo sagrado de General Severiano!
A nossa história mostra que adoramos ganhar nas adversidades! E haja adversidades nesse ano.
Tenho certeza que estamos presenciando esse grupo fazer história e no futuro lermos e sermos testemunhas de mais um capítulo na nossa saga Botafoguense!
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Parabéns pelo texto, Marcelo
De uns tempos pra cá, temos algo em comum a fazer antes e depois dos jogos do Bota durante os quais torcemos: aplaudir de pé! Antes por louvação à camisa e depois por devoção ao elenco. Torcer para o Bota é um ato de fé.
abs
Em um time que jogou praticamente só com garotos precisava ter um cascudo na frente como o Elias, que encara zagueiro, leva e dá porrada, catimbeiro. É jogador de área e mostrou isso. Não adianta esperar dele um grande jogada armada de fora da área. Ele é finalizador e mostrou ontem com o golaço com sabor especial nos acréscimos. Alex, de quem também gosto, vai ter que aproveitar bem as oportunidades para brigar pela vaga.
Abraço,
Carlos L.