Botafogo 4 x 3 S.Raimundo: Obrigado, Flamel!

“Jogamos 25 minutos de futebol qualificado, mas não aproveitamos as chances que criamos e tivemos que pagar por isso. Sofremos um pouquinho sem necessidade”, afirmou Joel Santana após a partida contra o São Raimundo.

E eu concordo com ele… com exceção da última parte da declaração. Não foi apenas “um pouquinho” que o Botafogo sofreu. E se não fosse o presentão do Flamel para o Sandro Silva quando estava 1 x 1, o sofrimento poderia ter se revestido de ares de um vexame tão marcante quanto a eliminação da Sul-Americana em Buenos Aires. Só que, lá, era o River Plate; e nessa quinta, no Engenhão, o Botafogo enfrentou o valoroso (bela festa da torcida!) porém, digamos, limitado… São Raimundo.

Era para o Loco e o Herrera terem enfiado, cada um, dois gols nos primeiros 45 minutos e deixar a rapaziada adversária tirar fotos no Engenhão já no intervalo. Mas a dificuldade de finalização com os pés de nosso centroavante ficou escancarada nessa noite – perdeu dois gols que até o André Lima faria. Já o Herrera meteu bola na trave, sofreu pênalti mas conseguiu a proeza de tirar uma bola que ia entrando; ele entrou no gol, a bola ficou do lado de fora.

Num jogo assim, obviamente o Botafogo jamais pode conceder espaço ao adversário. E foi isso que fez no irritante e displicente segundo tempo – e, justiça seja feita, a zaga ficou ainda mais frágil depois da saída do Fahel. Danny Morais (na foto com Herrera) estava inseguro e, apesar do gol e de mostrar alguma capacidade de saída de bola, ainda não parece estar com ritmo de jogo – tomou um drible de corpo que só não foi pior porque o juiz anulou o tento do são-raimundense.

E aqui vai um veredito do FogoEterno: Antonio Carlos é o mais horroroso dos nossos zagueiros, incluindo aqui os reservas. Antonio Carlos não é só pior do que o Fahel improvisado e Fábio Ferreira sem ritmo de jogo. Antonio Carlos é pior do que o Emerson, que ao menos sabia se posicionar. E Antonio Carlos, inexplicavelmente, tem status de titular nesse time – será que é por conta do salário?

Gostei do Lucio Flavio no primeiro tempo, com boas metidas de bola e desarmes importantes. Também gostei do empenho do Sandro Silva – no Twitter, comentei que, em 15 minutos, ele foi mais produtivo do que o Eduardo em três anos. E, se os atacantes tivessem resolvido a parada como deveriam, pois foram corretamente acionados para tal, o segundo tempo seria apenas brincadeirinha.

Não foi.

E o Joel fez tudo errado: era jogo para o Caio, com sua capacidade de finalização, entrar logo no intervalo e resolver a parada. E não dava para tirar o Fahel, não naquele momento.  Enfim, mexidas atrasadas e equivocadas, que só expuseram desnecessariamente o time e irritaram a torcida.

O Somália, perdidão, entra para a história como o jogador que conseguiu ser expulso contra o campeão da Série D.

Aí o time degringolou e tomou três gols ridículos: dois deles iguaizinhos, assistidos atentamente pelo Leandro Guerreiro e companhia.

Gostei também do jeitão do Edno, com mais categoria e intimidade com a bola do que os nossos hermanos. Desconfio que ele poderá ser titular no Brasileirão. Mas a defesa irritou tanto que o critério para entrar nas próximas partidas deveria ser assim: quem participou e não impediu qualquer um dos três gols do São Raimundo vai cumprir suspensão, está de castigo, obrigado a ver o lance umas 500 vezes para não acontecer de novo.

Enfim, uma atuação assustadora pela irregularidade e pela displicência, que rondou a tragédia sem nenhuma necessidade.

E não esperem a mesma moleza no jogo contra o Santa Cruz: a torcida do tricolor pernambucano é a mais apaixonada do nordeste. Vai transformar o Arrudão num caldeirão e eles partirão pra cima, com sangue nos olhos e faca nos dentes. Depois não digam que eu não avisei…

PS: O juiz conseguiu estar à altura do nível técnico da partida. Simplesmente péssimo.

PS II: Fora ou dentro de casa, o Botafogo não faz uma partida decente e obtém uma vitória categórica pela Copa do Brasil desde a goleada em cima do Galo, em 2008. Não à-toa, peguei abuso de ver jogo do time nessa competição. Vão ter que fazer muito, mas muito mais para eu perder a implicância.

Foto: Agif/Gazeta Press